Corrupção é ruim, mas sonegação com evasão de divisas é pior

Sonegação de Impostos

O QUE A MÍDIA HIPÓCRITA ESCONDE DE NÓS


A criminalização da política e as denúncias de corrupção promovidas pela mídia não passam, em boa parte, de cortina de fumaça para esconder as tramoias dos próprios donos dos veículos e seus aliados.

Colunistas “muy amigos” insistem que os problemas enfrentados por economias em desenvolvimento e os países pobres se devem à corrupção. Quem usa mais de dois neurônios sabe que não é bem assim.

Tal perspectiva oculta um problema muito mais fundamental em termos sistêmicos para a economia mundial: a corrupção dos países ricos. Trata-se de uma corrupção do colarinho branco, invisível e refinada, que foi uma das causas do estouro financeiro de 2008.

Segundo a Convenção da ONU sobre Corrupção, ela promove uma sangria entre 20 e 40 bilhões de dólares anuais nas reservas dos países em desenvolvimento.

Mas esta soma, sem dúvida importante, constitui apenas cerca de 3% do total de fluxos ilícitos que abandonam os países em desenvolvimento a cada ano. A evasão fiscal é 25 vezes maior do que isso.

E ela é praticada por quem? Não por mim ou por você, mas por gente muito, mas muito poderosa – pessoas físicas e jurídicas, multinacionais, bancos, instituições financeiras e… conglomerados de mídia.

Anualmente cerca de um trilhão de dólares fogem dos países em desenvolvimento e terminam em paraísos fiscais apenas por meio de uma prática conhecida como re-faturamento.

Através dela as empresas falsificam documentos para que seus lucros apareçam em paraísos fiscais nos quais não pagam impostos, ao invés de aparecer nas jurisdições onde realizaram esses lucros.

Certamente, a corrupção no mundo em desenvolvimento é real e não deve ser subestimada, mas é importante usar a inteligência e concentrar o olhar nas formas de corrupção ocultas, fora das manchetes.

No momento, o mais próximo que temos de um índice objetivo é o elaborado pela Rede Tax Justice. Neste índice, o ranking é elaborado considerando países responsáveis por ocultar cerca de 30 trilhões de dólares de riqueza em paraísos fiscais.

Se você olhar a lista verá que os países que encabeçam o ranking são Inglaterra, Suíça, Luxemburgo, Hong Kong, Singapura, Estados Unidos, Líbano, Alemanha e Japão.

Estes são os principais centros de corrupção que devemos enfrentar. É ali que mora o perigo, que nunca vemos nos noticiários. Afinal, não passamos de fichinhas nesse jogo muito mais pesado e sujo.

Veja a explicação de Jason Hickel, professor da London School of Economics, na agência Carta Maior.

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