Presidente troglodita pode ser eleito no País da Pedra Lascada

O BRASIL A UM PASSO DO RETROCESSO CIVILIZATÓRIO

Duas análises de peso sobre a sabatina pré-eleitoral realizada na Globo com o candidato da extrema-direita à presidência do Brasil, uma para ser assistida (acima) e a outra para ser lida (abaixo).

No vídeo, Luis Nassif mostra como o presidenciável aproveitou a chance para “usar o JN como escada”; e, no texto, Gilberto Maringoni diz que “em debate não se fazem propostas, se vai à guerra”.

Charge política

“OK, o capitão é um troglodita fascista, misógino, homofóbico, defensor da tortura e etc. Mas uma coisa ele sabe: usar a televisão.

Só ingênuos pensam que uma entrevista de 27 minutos em rede nacional, com quase metade do tempo disputado no grito por dois apresentadores, é feita para que alguém esclareça suas propostas para o país.

Debates televisivos são imagens fugazes. São duelos. São enfrentamentos nos quais o que menos se deve fazer é dialogar com os âncoras.

Candidato competente abstrai o que está a sua volta e dialoga com quem está em casa.

Candidato competente não respeita pergunta, responde o que julga necessário para sensibilizar o outro lado da tela.

Embora seja importante aparentar emoção, debates televisivos são testes de comportamento, racionalidade e frieza.

Isso se faz não apenas porque a equipe do programa quer provocar e elevar a tensão até o postulante se desequilibrar e perder as estribeiras, mas por ser necessário tentar entender a formação do voto na cabeça do eleitor.

Essa difícil troca entre quem está no estúdio e quem está fora dele varia de acordo com características próprias de cada um.

Cartum - mulher consciente

A imagem do programa de governo do capitão é composta por três ou quatro tópicos muito simples: armamento da população, castração química, macheza e exaltação da disciplina dos quartéis. Ponto.

Isso é compreendido por qualquer néscio. Montado nesses atributos, o deputado pode ganhar a eleição.

O capitão agiu corretamente ao devolver com virulência dobrada cada provocação da dupla de âncoras do Jornal Nacional.

Ele chegou às raias da grosseria? Chegou. Mas o que seu eleitorado quer é isso, que ele seja mal-educado, metido a fodão e que se mostre meio boçal.

Em sua lógica, o candidato da extrema-direita estabeleceu competente conexão com seus potenciais eleitores.

Fala simples, vocabulário fácil, sem hipérboles ou volteios, direta, seca, indignação pretensamente espontânea, cola nas mãos (que está virando marca) e olhar rútilo de raiva contida.

Só faltou cuspir no chão.

A dupla da bancada tomou um vareio de corar gente grande. Ele não tentou seduzir a Globo pois sabe que a Rede lhe é hostil e transformou isso em vantagem eleitoral.

Repetindo: o capitão é um neandertal fascista, escroto e cafajeste.

Mas é um profissional da imagem.

Por isso é perigoso.”

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